AINDA ESTOU AQUI, MAS NÃO AGUENTO MAIS

RIO, SEGUNDA-FEIRA, 9 DE SETEMBRO DE 2019.

Não aguento mais esse ti-ti-ti, esse bafafá, essa gente que não é capaz de olhar para si primeiro. Tudo precisa de rótulo, tudo precisa ser debatido, tudo precisa virar confusão, tudo é levado para o outro lado e encarado como crítica. As pessoas estão sensíveis e agressivas demais. É contraditório, eu sei. Mas jogam mil pedras nos outros e ficam ofendidas por pouco. Isso é demais pra mim. É por isso que cada vez mais eu me fecho no meu mundinho. E lá entra quem eu quero, quem é da minha tribo. Porque esse mundo onde tudo é guerra, confusão e gritaria não é comigo. Não gosto do grito, prefiro os meus silêncios. Não gosto da confusão, sou do time da calmaria. Não gosto do tumulto, prefiro a paz. Não gosto da fofoca, prefiro falar com os olhos. É mais humano, mais leal, mais digno, mais legal.

É bem assim que eu me sinto, não se pode conversar, tudo vira confusão, se falar em dinheiro, respostas ásperas, agressiva, todos se constrangem quando o assunto é dinheiro. Mas eu não, falo de boa, sei o seu valor, sei sua importância, sei os limites das pessoas, mas é preciso ser clara, falar o real.

Ontem minha irmã passou muito mal, pensou nem amanhecer viva, o exame ecocardiograma foi adiado.
Hoje acordou um pouco melhor, mas veio escovar meus dentes com uma cara, me deu um olhar fulminante, bem constrangedor pra mim, terminou o banho num desânimo, falou sou pior que um bebê, tantos detalhes, me reposicionar na cama, cobrir, botar a mesa do notebook, tirar poeira, limpar o óculos que nunca limpa pois meus rosto é muito oleoso, seboso, engordura lente e armação, todos reclamam ao tentar limpar, trocar o micro-pore do nariz para o óculos não me machucar, são tantas coisinhas que irritam ela, disse um bebê você cuida por um tempo, uma fase, cresce e dá um descanso pra mãe, mas eu não dou, tem que fazer tudo de novo todos os dias, minha irmã me faz chorar todos os dias, suas palavras ferem, machucam, me fala o óbvio, tudo que eu já sei... Me sinto mal, culpada por existir, por ainda estar viva.

EU NÃO AGUENTO MAIS.

ATÉ QUANDO CLAMAREI EU?

SINTO MUITO,
ME PERDOE,
TE AMO,
AGRADEÇO.

NAM MYOHO RENGE KYO.