AINDA ESTOU AQUI

RIO, SÁBADO, 28 DE SETEMBRO DE 2019.

O ar pesado que entra pelas narinas ou a falta dele. O fato de que muitas vezes qualquer palavra (ou a falta dela) me parece ser dura demais e me apunhalar o peito. pensar coisas, remoer coisas que não dependem de mim, ou o caos que me bagunça e me atropela quando quero carregar tudo sobre os meus ombros. me cobro, me perco, me questiono mil e uma coisas. Me olho no espelho e não me enxergo, não me reconheço, não me sinto suficiente, útil. Às vezes me sinto um peso e me canso, me afobo. Vazio. queria fugir, correr pra qualquer lugar seguro, mas como fugir de si mesmo e do que se é? Antes pudera me sentir leve e inteira. Antes não fosse uma bagunça aqui dentro.

Tudo é incerto, a começar pela data da nossa morte. Incerto é nosso destino, pois, por mais que façamos escolhas, elas só se mostrarão acertadas ou desastrosas lá adiante, na hora do balanço final. Incertos e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só. Enfim, incerta é a vida e tudo o que ela comporta. Somos aprendizes, somos novatos, mas beneficiários de uma dádiva: nascemos. Tivemos a chance de existir. De nos relacionar. De fazer tentativas. O sentido disso tudo? Fazer parte. Simplesmente fazer parte

Hoje, minha irmã escovou meus dentes num crescente de irritação, foi batendo as coisas, cara muito seria, sem sorrir, respondendo seco.
Ah, o banho sempre vira o muro das lamentações, hora de reclamar, por pra fora o que incomoda, Rose ajudando, foi levar as coisas pro tanque e meu primo disse, vai lá ajudar, cara, ela respondeu, é hora do curativo, Lucimar faz sem mim, comentou aqui, minha irmã aproveitou e disse, as pessoas pensam que é só trocar a frauda? dar comida? Até que faço rápido  tudo que tem que ser feito, eu disse, verdade, curativo, o que se come sai, só o cabelo não dá tempo, minha irmã disse agora tudo mudou, é preciso um batalhão pra lavar o cabelo, trocar roupa de cama e você tá muito pesada, Rose brincou, culpa do Vitor e rimos, falei, ontem me ofereceu janta, minha sobrinha nos olhou recriminando, ela e a mãe não gostam que eu coma, pois tem que sair.
No final do banho minha irmã muito chateada disse, quer ver quem vai me cuidar e me aguentar, em que mãos eu vou parar?
Respondi, mãos de ninguém conhecido, prefiro um abrigo, vou pedir a IELVA, ela contribui com um abrigo de idosos, vou pra lá, minha irmã, arruma pra mim também, eu preciso descansar, falei se eu for você descansa e faca livre de mim.
Minha irmã disse, deixa como está,espera eu morrer, já estou indo mesmo e o que os olhos não veem o coração não sente.
Ela reclama, mas sempre que eu tento ir, não deixa.
A SOBRINHA E O MARIDO FORAM AO ROCK IN RIO ONTEM.
O VITOR E ROSE foram a um aniversário de um menino em BANGU, JÁ MANDARAM FOTOS, SE DIVERTINDO.
Lucimar disse bom saírem pois já não aguentavam mais ficarem presos aqui.

ATÉ QUANDO CLAMAREI EU?

SINTO MUITO,
ME PERDOE,
TE AMO,
SOU GRATA.
SHUKRIYA DIL SE JI.